sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Para um dia qualquer

Não me diga
Minha amiga
Que ontem não aconteceu
Você tremeu você ferveu
Nem me diga
Minha querida
Que foi só encenação
Quando seus pés não mais tocaram o chão

Deixa o seu corpo sorrir
Deixa a sua voz sumir
Deixa sua alma gritar
Deixa a sua pele suar
Deixa o seu corpo deitar
Deixa a sua voz falhar
Deixa a sua alma calar
Deixa a sua pele queimar

Não precisa fingir
Não precisa temer
Vamos nos divertir
Vamos nos esquecer
É só o que tenho
É só o que você quer
É tudo que precisamos
Para um dia qualquer

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Estrangeiro

Um estrangeiro em todo lugar
Tomando um café na esquina
Dobrando os joelhos em oração
Correndo sem destino

Um estrangeiro em um mundo estranho
Sentado na mesa ou ao volante
Contando histórias tolas
Ouvindo bobagens por atenção

Um estrangeiro entre os nacionais
Emudecido pela música
Cantando verdades corrompidas
Sorrindo paisagens sem vida

Um estrangeiro em qualquer lugar
Almoçando em família
Conversando embriagado
Compondo uma canção

Um estrangeiro procurando estrangeiros
Perdidos no tempo
Achados no desconforto
Na estranheza de se sentir

Um estrangeiro em todo lugar

terça-feira, 14 de junho de 2011

Cicatrizes

Não me permito cair
E se eu cair não me permito ficar
E se eu ficar que não seja por muito tempo

Não me permito parar
E se eu parar não me permito esperar
E se eu esperar que seja por um breve instante

Não me permito correr
E se eu correr não me permito tropeçar
E se eu tropeçar que não fiquem as cicatrizes

Não me permito sentir
E se eu sentir não me permito chorar
E se eu chorar que as lágrimas não apaguem as marcas

E embora eu não me permita
Eu caio e fico
Eu paro e espero
Eu corro e tropeço
Eu sinto e choro

E as cicatrizes
De alguma forma permanecem
Como a vaga lembrança
De tudo que não me permiti

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Tempo de fingir

Se é o que você espera
Eu posso fingir
Mas veja meu bem
Essa máscara não me cai bem

Se assim você pretende
Não posso fugir
Mas acorde querida
Esse fogo pode queimar

Se é o seu desejo
Eu posso sonhar
Mas fique atenta amor
Você pode se apaixonar

Se você me pede
Não posso fazê-lo
Mas cuidado princesa
Você pode me convencer

Se é o que você quer
Eu posso calar
Mas olhe minha linda
Nem tudo pode voltar

terça-feira, 3 de maio de 2011

Contradições

Escrevo palavras com sentimentos
Sentimentos escritos a lápis
Como tudo que não é definitivo

Sinto diferente a cada momento
Como o vento mudando seu caminho
Inconstante, confuso e vivo

Vivo uma vida de cada vez
Um dia como se outro não houvesse
Uma noite ensolarada e quente

Acordo dormindo profundamente
Durmo constantemente desperto
Desperto sonhando acordado

E entre tantas contradições
Sigo o curso do sonho inconformado
Incompreendido e incapaz de compreender

E no meio dessa confusão cotidiana
Nem tente compreender meus sentimentos
Se nem eu os reconheço na mudança diária das estações

terça-feira, 26 de abril de 2011

Reencontro

Não sei olhar para trás e não te enxergar
Não sei sonhar agora sem você estar
Não sei imaginar a frente se você não se apressar

Sei do passado o todo que lhe pertenceu
Sei que quase abstrato o amor sobreviveu
Sei que dividido ao meio fui inteiro seu

Do presente reconheço o mesmo sorrir
Aquela velha promessa do que está por vir
A conversa perfeita do pensar com o sentir

O futuro deseja a nossa música tocar
O reencontro esperado dos corpos a se entregar
Sem nenhuma certeza apenas a de se amar

terça-feira, 19 de abril de 2011

sim e não

O que nos move
Será o mesmo que os comove?
O que você canta
Será o mesmo que me encanta?

A tua verdade
Será a minha dádiva?
E a tua mentira
Será o meu engano?

O que eles dizem
Será o seu sonho?
E o que eu não faço
Será a sua vontade?

As minhas perguntas
Serão as suas respostas?
E as suas respostas
Serão as minhas dúvidas?

O que eu falo
Será o que você quer ouvir?
E o nosso silêncio
Será que ainda lhe basta?